15/05/2019 - O Conselho Municipal da Mulher de Cludio/MG indaga:
“Quem vai olhar por elas?
Embora constitua um crime grave, a violncia contra a mulher persiste no Brasil. As notcias de agresses a mulheres so constantes, tanto no que se refere a violncia fsica, como psicolgica e sexual. Na ltima dcada, o ndice de assassinatos de mulheres brasileiras aumentou. Como reverter esse quadro?
A violncia contra a mulher tem razes profundas, ligadas a relaes de classe, etnia, gnero e poder. A sociedade ocidental configurou-se de forma que aos homens coubessem as atividades consideradas nobres, enquanto as mulheres ficariam restritas
ao mbito domstico. Ainda que se tenha avanado bastante, com a emancipao progressiva do gnero feminino, no foram superados os paradigmas de um modelo patriarcal, no qual naturalizado o direito dos homens de controlar as mulheres, podendo chegar, at mesmo, violncia.
A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, no Brasil, foi um marco significativo no combate prtica infame da violncia domstica. At ento, o crime era tido como algo de “menor potencial ofensivo” e julgado junto com brigas comuns, como disputas entre vizinhos. Essa lei alterou o Cdigo Penal, permitindo que os agressores em a ser presos e aumentando as penas. Entretanto, ela no suficiente, em si mesma, para desconstruir uma realidade cristalizada. Para alcanar avanos significativos, ao menos duas aes devem ser empreendidas.
Em primeiro lugar, h que trazer o tema para o processo educativo, tanto na escola como na famlia. Crianas que vivenciam relaes de igualdade de direitos entre os gneros ficam menos suscetveis aos preconceitos baseados em relaes obsoletas de poder. H que educar as jovens para no ver as agresses como normais e orient-las sobre como se proteger. Os jovens, por sua vez, precisam ser formados para ver as mulheres como semelhantes, e no como inferiores.
Ao mesmo tempo, faz-se necessrio zelar pela aplicao severa das leis de proteo da mulher, garantindo segurana s vtimas que procuram as delegacias especializadas.
As redes sociais e a mdia podem ser boas aliadas nessa causa, com campanhas de conscientizao e denncia, para que o Brasil supere o quanto antes esse cenrio aviltante e desonroso.”
Andrea Ramal
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