28/08/2018 - Nos tempos da Estrada de Ferro.
A partir do ano de 1870, discutia-se, em So Joo Del Rei, uma das principais cidades de Minas, a possibilidade da chegada cidade, de uma via frrea que possibilitasse a ligao entre a Sociedade So-Joanense e a Corte, localizada, no Rio de Janeiro, capital do Imprio. Uma alternativa apresentada por um engenheiro da Provncia Mineira, em 1873, acrescentava So Joo Del Rei na rota de uma possvel via frrea, ligando a Corte, o Rio Grande e o Rio So Francisco.
Em 1877, com a chegada da linha da Estrada de Ferro Dom Pedro II localidade denominada Stio, a 100 quilmetros de So Joo Del Rei, abriu-se a possibilidade de praticar a concesso estabelecida pela Lei Provincial nmero 1982, de 11 de novembro de 1873, que cedia privilgio por 50 anos para construo de uma via frrea em bitola estreita, que partindo da Estrada de Ferro Dom Pedro II, nas vertentes do Rio das Mortes, se dirigisse a um ponto navegvel do Rio Grande, e da, pelo lado Oeste, fosse at as divisas da provncia. No entanto, em 1877 estabelecido que apenas deveria ser executada a primeira seo da estrada at So Joo Del Rei, pela Lei nmero 2398, de 05 de novembro de 1877.
A bitola, adotada para a linha a ser construda, foi de 0,76 centmetros, tendo em vista que a bitola mxima permitida seria de 1 metro. Terminada a construo do trecho que ligava Stio a Barroso, com extenso de 49 quilmetros, o mesmo ou a receber trfego a partir do dia 30 de novembro de 1880. Na ocasio, a estrada j contava com duas locomotivas American Montezuma.
No dia 28 de agosto de 1881, era inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que contava, ento, com as Estaes de Stio, Barroso, So Jos Del Rei (posteriormente Tiradentes) e So Joo Del Rei. Seu material rodante contava com 4 locomotivas, 4 carros de primeira classe, 4 de segunda, 1 de luxo, 2 de bagagens, 2 de animais, 15 vages fechados, 10 abertos e 1 carro guindaste.
Quase vinte anos depois da inaugurao do prolongamento da Estrada de Ferro Oeste de Minas, o trecho que liga Oliveira a Gonalves Ferreira, deu incio no dia 30 de janeiro de 1910 construo da linha de ferro em Cludio. Segundo a Gazeta de Minas, s 3 horas desta data, com a presena do Dr. Chagas Doria, diretor da Ferrovia Oeste de Minas, deputado estadual Ferreira Carvalho, deputado federal Lamounier Godofredo, Drs. Artigas Berredo, Richard e Jorge Penna, engenheiros da estrada, Coronel Joo Alves de Oliveira, Major Joaquim da Silva Guimares, Clarimundo Agapito Paes, capito Jos Antnio Ferreira “Juca Ferreira”, vereadores e demais populares.
O Dr. Chagas Doria convidou o vigrio Joo Alexandre e o deputado Ferreira Carvalho a baterem as primeiras estacas, e o deputado Lamounier Godofredo a trazer o alinhamento das mesmas, em seguida eles dirigiram-se para a Estao de Gonalves Ferreira onde foi servido um lanche na casa dos Srs. Resende & os. O coronel Joo Alves de Oliveira, presidente da Cmara Municipal de Oliveira saudou Chagas Doria, os deputados e engenheiros, fazendo meno tambm ao deputado Pandi Calgeras, que apresentou a Emenda de Lei de Oramento consignando verbas para a linha de Cludio. O deputado Ferreira Carvalho tambm proferiu eloquente e primoroso discurso, saudando a terra mineira e agradecendo pelas atenes que lhe foram dispensadas no Distrito de Cludio. Falou, representando o Distrito de Cludio, o farmacutico Clarimundo Paes que demonstrou gratido aos Drs. Chagas Doria e Pandi Calgeras credores do reconhecimento do povo claudiense.
Anteriormente, no dia 28 de setembro de 1909, Dr. Jos Artigas, engenheiro da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas) e encarregado dos Estudos do Ramal de Cludio, terminando os mesmos, estacou o lugar onde iria ser construda a Estao do prspero Distrito. A sociedade claudiense no consentiu que asse despercebido esse fato, aproveitando o ensejo para significar a sua gratido a todos que cooperaram para o progresso da localidade. s 08 horas, na manh do dia 28 de setembro, com grande nmero de pessoas, Dr. Jos Artigas entregou ao farmacutico Clarimundo Agapito Pais, vereador representando o Distrito de Cludio, na Cmara de Oliveira, o martelo para bater a primeira estaca, ao som de vrios dobrados da banda de msica da cidade e estourar de fogos. O vereador Clarimundo Pais, em discurso, saudou o ilustre engenheiro e destacou a gratido dos claudienses, ao Dr. Chagas Doria, diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOA) e ao deputado federal Pandi Calgeras, que teve a iniciativa de aprovar na Cmara dos Deputados Emenda ao Oramento para liberao dos recursos da construo da Estrada de Ferro. Compromisso este que Pandi Calgeras firmou em uma conversa na Estao de Gonalves Ferreira com os vereadores representando o Distrito de Cludio em Oliveira, Major Joaquim da Silva Guimares, o Quinca Baro e Clarimundo Agapito Pais, comprometendo conseguir autorizao do Congresso Nacional para o Ramal do Arraial de Cludio.
E foi assim, com muita luta e determinao do deputado Pandi Calgeras, que o Ramal de Cludio foi inaugurado com 26 quilmetros ligando a Estao de Gonalves Ferreira no Ramal do Paraopeba, em 1912, funcionou at 17 de janeiro 1967, j sob a istrao da Viao frrea Centro Oeste, foi desativado.
►A Estao
A Estao de Cludio foi inaugurada em 1912, como ponta de linha de um curto Ramal de 26 quilmetros. Oito dias antes, no dia 01 de junho foi instalado o municpio de Cludio. A Estao foi fechada em 04 de setembro de 1963, com a remoo de seu ltimo agente, Augusto Tomaz.
Logo em seguida, a cadeia pblica a a funcionar no prdio. O Ramal para Cludio somente foi oficialmente radicado em 17 de janeiro de 1967. O prdio, depois de funcionar como cadeia at 1997, tornou-se sede do museu municipal.
O prdio foi tombado pelo municpio em 1998. A Estao a nica do trecho que mantm o telhado original.
Tribuna de Cludio
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